Thais Campidelli de Freitas
Imagem da internet

Pra ela parecia que tudo a sua volta era perfeito mesmo diante do caos.
Pessoas sorrindo por todos os lados, amizades instantâneas preenchendo o espaço dos velhos laços e um ar superficial recobrindo as relações que via.
O mundo ao contrário ficava em ordem naquela bagunça.
Tudo estranho, mas todos pareciam estar bem!
Acho que se acostumaram com a situação e aprenderam a conviver com as atitudes peculiares dos dias de hoje.
Menos ela!
Ela que não deixava os olhos arregalarem para não demonstrar que sentia total estranheza e desconforto.
Ela que já não conseguia sorrir de graça.
Ela que não tinha mais graça.
Perdeu o brilho no meio do caminho e não lembra em qual curva da estrada perdeu o controle.
Não encontrava mais o ânimo que fazia parte da substância que formava sua essência.
Não sabia mais qual era o seu valor.
Se perdeu completamente de si.
Não acreditava nem em metade das coisas que escutava e hoje prefere se calar do que dizer qualquer coisa a quem não está disposto a lhe ouvir de coração aberto.
Não sabe mensurar que dose de valor aplicar nas atitudes que toma, pois somente encontra pessoas que se importavam muito pouco ou quase nada com isso.
Ao perceber isso entendeu que o valor das coisas hoje em dia é diretamente proporcional ao interesse que se tem em alguma coisa.
Se não houver interesse é melhor nem tratar direito, nem ligar, nem se preocupar, nem cuidar...
Então ela se cansou...
Cansou das pessoas e ficou alí, sem esboçar nenhuma reação. 
Parece viver em estado de choque. 
Não tem vontade de esfregar os pauzinhos pra ver nascer luz!
Vive dentro da canção de Arnaldo Antunes que dizia:  “Socorro! Alguém me dê um coração, que esse já não bate e nem apanha”.

Ela já não sente nada!
E ela só queria ficar sozinha escutando o barulho dos seus pensamentos no silêncio de um canto qualquer.
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