Thais Campidelli de Freitas
Imagem da internet - reprodução

Acordou cedo e se decidiu! 
Tomou coragem e aceitou: "Eu quero ele! É ele!".
Lembrou de estampar o sorriso nos lábios e tratou de instalar a esperança em seu coração.
Sem manual de instruções foi assimilando a fé e carregando a motivação. 
Colocou um jeans velho, um tênis e uma blusa qualquer. 
Deixou a revista cair ao pegar a chave do carro correndo. 
Bateu a porta e nem escutou o conselho de sua mãe que dizia: "Vai com cuidado, filha!". 
A esta altura do campeonato os 45 minutos do segundo tempo já haviam tido acréscimo e a prorrogação já estava no fim. 
Seu coração não aguentava esperar!
Sua vida precisava de um gol de ouro e foi isso que ela fez.
Se tivesse escutado o aviso, de sopetão responderia: "Cuidado, mãe? Pra quê? Agora qualquer gol de mão vale." 
No atropelo e com a urgência que controlou por meses foi atrás do abraço que tanto queria e seguiu.
Caiu na estrada e foi pensando em tudo o que gostaria de dizer ao dono dos seus pensamentos. 
A cada troca de marcha uma lembrança trazia a certeza de que aquilo era o melhor a fazer.
Era ele o cara pra ela. 
Era ele aquele que fazia o coração disparar, a bochecha rosar e o mundo parar!
Ela só queria um abraço tranquilo e conforto daqueles braços.
Ter a chance de se desculpar pelas coisas que não fez, confirmar que tudo que foi bom continuaria e que o que fosse um novo desejo se esforçaria pra dar. 
Rodou 20, 30, 60 km e chegou ao local onde o seu sonho tomava forma. 
Pensou mais uma vez, respirou e lembrou que milhões de palavras não seriam suficientes para explicar o que estava sentindo. 
O amor é assim, difícil de definir! É o que dizem...
Não dá pra explicar.
A mão transpira e a boca perde a sua capacidade de emitir sons. 
Não saí nada! 
É nessa hora que os olhos ganham fama de tagarelas, pois são eles que escancaram tudo aquilo que a boca não conseguiu colocar pra fora. 
Abriu a porta e desceu do carro. 
Tocou o interfone e sentiu suas pernas amolecerem. 
O portão se abriu e naquele momento passou um filme em sua mente. 
"Tô aqui, agora já era!" pensou ela. 
Sem demora pegou a mão dele e abriu o sorriso mais largo que conseguiu. 
Ele a puxou pra perto e tiveram o abraço mais demorado dessa história. 
Ficaram meio assim, sei lá... 
Não havia nada a ser dito, eles só precisavam sentir. 
As palavras ficaram por conta do rádio do carro que tocava um dos cantores favoritos dela...

"Sei lá, tanta coisa eu tenho aqui pra te dizer...

Tanta coisa eu tenho em mim pra falar pra você.
Tanta coisa eu tinha mas não tenho mais, tanta coisa que ficou pra trás, mas agora vai.
Agora vai ficar meio ridículo, como todas as cartas de amor, que eu nunca te escrevi.
Agora, se você tivesse aqui, se você quisesse ouvir, agora, se você pudesse me seguir, eu ia te levar pra conhecer todo aquele sentimento que eu não soube te dizer.
Se você pudesse vir, se você pudesse ver, aqui dentro, onde o tempo não soprou o vento que faz esquecer, eu ia dizer tudo de uma vez...
Não sei, eu acho que eu não ia dizer nada.
Ou fazia tudo ao mesmo tempo, gritando o meu silêncio na nossa voz calada...". 


Ao som de Gabriel o Pensador eles juraram não perder nem mais um minuto, pois se o que eles precisavam era certeza, hoje em dia eles não tem mais dúvidas! 

"Obrigada, menina por ter me escutado depois de tanto tempo. Hoje eu já não bato amargurado!"
Ass: Seu coração